sábado, 22 de setembro de 2012

Momento Desabafo


          Todos os documentos, publicações, teóricos, estudiosos nos apresentam formas de atuação profissional, reflexões que visem ações positivas e transformadoras na educação de nossos alunos, contudo, a realidade é bastante diferente. Estamos vivendo um tempo em que a educação, a aprendizagem dos alunos estão sendo deixadas de lado, pois o foco maior está em se mostrar resultados à sociedade. A preocupação atual do Governo do Estado do Rio de Janeiro é reduzir o índice de distorção idade-série e para isso são tomadas medidas que em nada auxiliam a aprendizagem do aluno. São criados projetos e programas com a intenção de “formar” os alunos que se encontram atrasados, com idade inadequada para cursar tal série, mesmo que para isso a aprendizagem seja insuficiente.
          Qual a finalidade de se elaborar um capítulo específico para o espanhol nas Orientações Curriculares (2006) se atualmente, apenas seis anos após sua publicação, o espanhol encontra-se nas escolas estaduais do Rio de Janeiro como disciplina optativa, com carga horária de apenas 50 minutos para as turmas do ensino regular e 40 minutos para as turmas da EJA? Sem contar os inúmeros casos de professores que estão com carga horária livre no quadro de horários, pois não existem turmas para alocá-lo, já que a Secretaria Estadual de Educação optou por realizar a chamada “otimização de turmas”, onde os alunos são colocados nas turmas levando-se em conta a metragem de cada sala. Assim, dependendo do tamanho da sala de aula (espaço físico), encontramos turmas com 41 a 50 alunos.
Como trabalhar as quatro habilidades de uma língua estrangeira, proposta retomada no Currículo Mínimo, com turmas de 50 alunos? 

sábado, 15 de setembro de 2012

          Ao ler o texto "Ensino de línguas estrangeiras: ocupação ou profissão?", de Maria Antonieta Alba Celani para a aula de Formação de professores de línguas estrangeiras no Brasil, ministrada pelo professor Antonio Ferreira, um dos parágrafos que me chamou a atenção e que posso associar a minha pesquisa foi:

          (...) Não se cogita de dar melhor formação e melhores condições de trabalho para professores de uma  determinada área,  mas afirma-se que muitas vezes os  profissionais  de outras áreas  são mais competentes, sem  se perguntar o porquê dessa situação. (2000, p. 33)

          Em alguns casos, especialmente em cursos livres de línguas estrangeiras, são contratados para ministrar as aulas profissionais que, muitas vezes, não possuem formação para tal função. Frases como:  "os professores não recebem uma formação adequada na Universidade" ou "os professores brasileiros não possuem proficiência linguística para dar aula em língua estrangeira", são usadas como desculpa ou justificativa para a contratação de falantes nativos atuarem como professores de língua estrangeira, não importando se estes são professores formados e/ou atuam em áreas fora do ensino. 
          A distância entre o que é ensinado na formação inicial e entre a realidade que o futuro professor encontrará nas escolas dificulta o desempenho do professor, mas não deve ser um impedimento para a realização de um bom trabalho.

          Na  Universidade os saberes disciplinares superam o desenvolvimento de competência superam o desenvolvimento de competências, e o grande problema é a brecha entre o discurso da universidade e o  cotidiano, principalmente o cotidiano que o professor recém-formado vai encontrar na escola. (2000, p. 35)

          O professor deve ser um profissional reflexivo e crítico, formando, antes de mais nada, um cidadão consciente, pensante, questionador e atuante na sociedade. Deveriam ser realizadas reformas na formação inicial, contudo, essa é uma tarefa complicada. A resistência ainda impera. Contudo, cabe, também, ao professor, buscar alternativas de mudança em sua prática. O professor deve refletir sobre sua atuação, pensar, repensar, construir, desconstruir, reconstruir sempre que necessário.
          No texto "O lugar da leitura na aula de língua estrangeira", de Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, podemos encontrar, também, o reforço à importância da formação continuada. Propor qualificação para os professores através de cursos de formação continuada seria fundamental para tentar solucionar a má formação inicial dos profissionais. Muitas vezes, o que acontece, é que o Governo propõe novas políticas públicas, não para solucionar os problemas que já existem, mas sim, acabam criando novos problemas e mantendo e/ou perpetuando os antigos.
          O Currículo Mínimo, uma nova política pública do Governo do Estado do Rio de Janeiro, foi implantado com o objetivo de nortear a educação na rede estadual de ensino. Contudo, novas propostas foram apresentadas, mas nenhuma formação ou informação mais precisa foi transmitida aos professores. As dúvidas referentes à aplicação deste documento em sala de aula são constantes e a resistência é maior ainda. Caberia à Secretaria de Educação a promoção de cursos de formação continuada que auxiliassem o professor na execução deste novo documento. Acredito que os profissionais da educação, aqueles que realmente objetivam transformação e melhoria na qualidade de ensino, estejam dispostos a tentar, refletir e pôr em práticas novas sugestões para o processo de ensino-aprendizagem. É necessário que ações conjuntas sejam realizadas para que sejam alcançados resultados positivos. Todos devemos fazer nossa parte. Somente quando Governo, Universidade, professor, aluno, pais e comunidade se conscientizarem que necessitamos agir para mudar é que realmente conseguiremos uma educação pública, gratuita e verdadeiramente de qualidade.

Referências Bibliográficas:

PAIVA, V.L.M.O. "O lugar da leitura na aula de língua estrangeira". Vertentes. n. 16 - julho/dezembro 2000. p. 24-29.

CELANI. M.A.A. "Ensino de línguas estrangeiras. Ocupação ou profissão". In: LEFFA, Vilson (org.). O professor de línguas estrangeiras - construindo a profissão. Pelotas: Educat, 2000, p. 21- 37.